Os resultados da pesquisa Genial/Quaest destacam um cenário desafiador para o governo Lula diante do mercado financeiro. Com 90% de reprovação entre gestores, economistas e operadores de fundos de investimento, é evidente que há uma desconexão entre as políticas econômicas do governo e as expectativas do setor. Essa crise de percepção exige ações estratégicas imediatas para reconquistar a confiança do mercado e criar uma base de apoio mais sólida para os próximos anos.
Diagnóstico da Situação
Os dados revelam três pontos críticos:
- Ajuste Fiscal Mal Recebido: O pacote anunciado recentemente parece ter gerado mais incertezas do que soluções para o mercado.
- Falta de Confiança em Lideranças: Lula aparece como um dos menos confiáveis para o mercado, enquanto figuras como Roberto Campos Neto ainda possuem forte credibilidade.
- Pessimismo Sobre o Cenário Político: A piora na avaliação do Congresso e a percepção de que os possíveis sucessores, tanto no Senado quanto na Câmara, não oferecerão estabilidade, aumentam a sensação de instabilidade política.
Propostas para Reverter o Cenário
Para superar essa crise, o governo precisa adotar medidas que combinem comunicação eficiente, alinhamento estratégico e ajustes práticos na condução das políticas econômicas.
- Revisão e Clareza no Ajuste Fiscal
- O mercado demanda previsibilidade. É essencial que o governo comunique, com clareza e transparência, como o pacote fiscal irá equilibrar as contas públicas sem prejudicar o crescimento econômico.
- Uma consulta ampla com especialistas e representantes do setor financeiro pode ajudar a construir um plano mais alinhado às expectativas do mercado.
- Fortalecimento da Credibilidade Econômica
- Fernando Haddad, como potencial candidato à sucessão de Lula, precisa consolidar sua imagem como um gestor fiscal responsável.
- Promover um diálogo contínuo entre o Ministério da Fazenda e o Banco Central é crucial para sinalizar coesão e evitar ruídos.
- A nomeação de Gabriel Galípolo no comando do BC deve ser acompanhada de uma agenda clara de prioridades, reforçando compromissos com a estabilidade econômica.
- Comunicação Assertiva com o Mercado
- Lula deve construir uma narrativa positiva sobre os avanços do governo, destacando conquistas no social e no econômico, e traçar um horizonte de estabilidade.
- A presença em fóruns internacionais com lideranças econômicas pode contribuir para melhorar a percepção externa e atrair investimentos.
- Agenda de Reformas e Estabilidade Política
- Aprovar reformas estruturantes, como a reforma tributária, será fundamental para mostrar comprometimento com o crescimento sustentável.
- A gestão da relação com o Congresso deve priorizar o diálogo com lideranças estratégicas, como Hugo Motta, caso este assuma a presidência da Câmara, para evitar desgastes desnecessários.
- Resgate da Confiança no Longo Prazo
- A visão de mercado para as eleições de 2026 precisa ser endereçada. Para isso, o governo deve investir na construção de lideranças confiáveis dentro de sua base, como Fernando Haddad.
- O fortalecimento de programas de infraestrutura e desenvolvimento regional pode ser uma forma eficaz de gerar resultados concretos e resgatar a confiança do mercado e da sociedade.
Conclusão
A crise de confiança atual representa um grande desafio, mas também uma oportunidade para o governo Lula redefinir sua relação com o mercado financeiro. Com uma estratégia focada em transparência, credibilidade e articulação política, é possível reverter esse quadro. O governo deve agir rapidamente, demonstrando que está disposto a ajustar rotas e construir um caminho de diálogo com o mercado, mantendo o compromisso com o desenvolvimento social e econômico.